Comunicação e Velocidade: Os grandes pilares da era da tecnologia. Unidos, configuram a forma mais moderna de dominação e exclusão social exercida pelo poder simbólico do capitalismo.
Sim, é incrível poder conectar-se a redes infinitas de pessoas, possuir um oráculo acessível para consultar a toda hora, fazer compras coletivas, dar um pouco de sentido aos momentos comuns relatando, retratando e compartilhando com os outros. Ter outra vida virtualmente, fazer amigos, fazer sexo, ser outra pessoa, ser quem desejar...
O que seria de nós, pobres mortais modernos, sem essa tal ‘tecnologia’ e toda a cultura que ela traz? Quem hoje, que a conheça, poderia prescindir dela? E quem, que não a conheça, poderia prescindir também?
É que essa maravilhosa criação humana tornou-se segundo MacLuhan sua extensão, como uma perna ou um braço, é cada dia mais difícil existir sem ela.
A tecnologia encurtou o tempo e o espaço, modificou a língua, os relacionamentos, palco dos maiores debates sociais, instrumento imprescindível de campanhas presidências no Ocidente, e dizem, responsável por revoluções primaveris no Oriente.
Mas, ops! Será mesmo essa máquina, tão espontânea e democrática?
Não, as tecnologias obedecem a uma lógica ditatorial e implacável: A lógica do capital. É de admirar que no maior símbolo da modernidade ainda se aplique a teoria marxista, onde o meio de produção dita os valores e o modelo de sociedade. Nesse sentido a cibercultura é hoje, um dos maiores instrumentos de propagação e legitimação dos interesses do mercado. Este determina que para estar inserido socialmente, o individuo precisa acompanhar cada avanço tecnológico. O problema é que esse mesmo sistema é desigual e não oferece condições para que todos possam atender a essas exigências que vem desde o mercado de trabalho até os relacionamentos interpessoais.
A cibercultura é dromocrática por essência, não é possível dominá-la, somente tentar acompanhá-la. E para isso o individuo deve dispor do que Bourdieu chamou de "Capital Econômico e Cultural." Segundo ele, o capital econômico pode ser transformado em capital cultural, e este assegura a manutenção do capital econômico, ciclicamente. O mesmo ocorre com a tecnologia, somente quem possui o capital econômico e cultural pode inserir-se na era digital, e isso é hoje, um pressuposto para que o indivíduo esteja inserido na sociedade e no mercado de trabalho e através deste, adquirir o capital econômico para transformá-lo em um conhecimento que seja constantemente reciclado. Além disso, quem consegue acompanhar esse processo também alcança status e prestígio social.
A Industria tecnológica certamente já possui a tecnologia que será lançado em alguns anos, porém, convém reparti-la e sobrepô-la, para movimentar constantemente o mercado.
Perversamente excludente essa "obsolescência programada” exercida pela indústria da tecnologia segrega ainda mais aqueles que não têm condições de absorver essa nova cultura, porque antes de estarem excluídos da era digital, são excluídos socialmente. Então qualquer solução para a exclusão digital passa primeiro pela inclusão social, somente por meio dela o indivíduo pode ter acesso a esta nova era.
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